segunda-feira, 31 de agosto de 2015

três

Quando você não estiver aguentando de sono, quero ser seu travesseiro.

Quando você precisar de uma hora, quero te dar duas.

Quando você cair no sofá exausta, quero dormir 10 minutos segurando sua mão.

Quando você não souber o que fazer, também não quero saber.

Quando você fizer alguma besteira, quero fazer uma besteira maior.

Quando suas dúvidas nos levarem a uma discussão, quero que uma gargalhada do Chico nos lembre de pedir desculpas.

E quando alguém falar que estamos fazendo tudo errado, quero abraçar nosso filho junto com você e percebermos que não existe nada mais certo.

Não sei o que vai acontecer quando nós dois virarmos três. Porém, desde que seja só nós três, nada mais me preocupa. Só nós três.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

a feira

Só fui olhar pra trás dois passos e meio depois de ter falado oi. Foi o suficiente para perdê-la de vista. Burro! Cabelos descansados no ombro, olhos sonolentos, andar despreocupado, boca emoldurada, tamanho ideal. Mas a perdi de vista. Só um oi? Burro! E nesse domingo fui para casa como um dia qualquer, pensando se a veria de novo qualquer dia.

Acordei e, atento, virei a esquina para entrar na mesma rua, por volta do mesmo horário. Ah, que ótimo, uma feira. Bananas em promoção e pessoas negociando o quilo do tomate. Tudo isso banhado por um cheiro gostoso de verdura. Corpos andam e se esbarram. Gritos se misturam com cochichos, mas nada de cabelos descansados no ombro. Talvez no próximo dia.

Próximo dia e lá estava a feira de novo e a multidão ocupava cada centímetro dela. Respirei fundo e cruzei os dedos. Decidi ficar parado em algum ponto e contar com a sorte. Ao lado das castanhas, passaram castanhos, azuis, mas nem sinal dos olhos negros e sonolentos. Quem sabe no dia seguinte.

Dia seguinte e com a esperança em meio tanque entrei na feira novamente. Ali, to vendo! Não, essa não tem um andar despreocupado. Sentei na calçada, decepcionado. Com sorte, amanhã.

Hoje, sem surpresa, a feira estava lá, mas surpreendentemente vazia. Aquela boca com molduras feitas de dobras de bochechas não vai aparecer. Vou esperar o outro dia.
Outro dia e nada. A feira lá, ela não. Várias estavam, de diferentes tamanhos, mas não o ideal, ela não. Amanhã começa o final de semana.

Final de semana. O sol me acordou. Peguei um ônibus que cruzaria a rua da feira, mas, para meu espanto, nada de barracas. A rua estava deserta, com exceção de um vulto, uma pessoa que atravessava de uma calçada para a outra. Puxei a corda, desci do ônibus em movimento, parei na esquina e na oposta a avistei. Era ela. Cabelos, olhos, andar, boca, tamanho. Era ela. Oi, de novo.

Ela não foi à feira. Segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira, nada, mas ela veio no final de semana, e no seguinte, e no seguinte...

Texto dedicado à minha namorada, que só vejo aos finais de semana, mas que em breve vou encontrar nas feiras também.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

meu vício

Ah, que saudades do meu mau humor. Que falta eu estava sentindo da minha ansiedade. Há quanto tempo eu não começava o dia na contagem regressiva, dia em que minha unha já está toda roída mesmo faltando horas para o jogo começar.

Agora começo a ser o Ricardo que dura até dezembro e só se torna outra pessoa durante pouco mais de um mês por ano. Começam a ser mais freqüentes as respostas monossilábicas e mais intensas as demonstrações de superstição. Loucura? Não sei se chegaria a tanto. Vício? Talvez. Mas como não ter crise de abstinência de uma paixão que pode ir da tristeza à alegria em apenas um minuto? Que droga tem efeito tão rápido?

A partir de hoje, tudo fica mais preto e branco. A partir de hoje, não tem mais lógica: você sofre para ganhar do pequeno, mas passeia no clássico. Voltarei a duvidar da vitória, mesmo aos 45 do segundo tempo. Mais uma vez terei que trocar de lugar na arquibancada quando o placar estiver adverso.

Que saudades de chamar os jogadores pelo apelido que só eu conheço. Que falta eu estava sentindo de achar que o perna de pau do time está com febre só porque está jogando bem.

É impossível explicar o quanto o Glorioso mexe comigo, mas todos os viciados como eu entendem essa paixão, cada um com os seus porcos, leões, raposas, etc. Viva o futebol!

Termino citando o mestre e grande botafoguense Armando Nogueira. Que viciado não gostaria de morrer assim?

"Vivi tristezas, vivo alegrias, tenho chorado, já cantei muito, às vezes rezo, vendo a bola correr, na grande área; nem mesmo os sentimentos mais subalternos da alma humana - nem deles a grande área do futebol me tem poupado o coração; já tremi de medo, já odiei, já invejei. A paixão pelo futebol tem me pesado a vida de tantas emoções que já não tenho mais o direito de lastimar se um dia a morte me queira surpreender no instante de um gol."

terça-feira, 21 de setembro de 2010

bobo

Companheiros de copo me chamam de tolo,
Tolo é aquele que pensa mais de meia vez,
“Se liga, se toca, tá se passando de bobo”,
Bobo é aquele que não manda mensagem às 3.

“Nesse amor, amigo, você é apenas passageiro”,
Passageira é vida, aceite esse conselho,
E se jogue sem medo de bater a cara,
Para que a cicatriz sempre invada o espelho.

Comigo a razão sempre perde,
E quem se importa,
Se o importante me acorda com beijos, beijinhos?

quarta-feira, 5 de maio de 2010

o silêncio do seu abraço

Meu abraço é o seu abrigo.
Fica aqui que você está segura.
Ninguém te alcançará enquanto eu não desatar o nó dos dedos.
Quando nada mais fizer você gargalhar,
Quando tudo mais fizer você se sentir desprotegida,
Corra para os meus braços.
Isso, eu jamais vou lhe negar,
Porque o melhor dos abraços foi você quem deu.
Inesperado, apesar de eu só esperar isso de ti.
Você sabe quando,
Você sabe como,
Você sabe onde.
E mesmo com o mundo desmoronando à nossa volta,
Tudo ficou em silêncio.
E foi sem palavras que você me disse o que eu precisava ouvir.

segunda-feira, 22 de março de 2010

pequena

Ávido por percorrer todo centímetro do seu corpo,
Esqueci o seu tamanho.
Esqueci que tinha mais tempo.
Com apenas um gole,
Satisfiz meus lábios com o gosto salgado da sua pele quente e macia.

Não tenho mais o que explorar aqui fora.
Que pena, Pequena, esqueci o seu tamanho.
Agora preciso descobrir o que tem aí dentro,
Onde você é maior do que eu imaginava,
Maior do que qualquer despedida.

quarta-feira, 3 de março de 2010

bonita, formosa, bela

Primeiro dia, o que será isso?
Fiz bem, fiz mal, só me contem na quarta-feira
Ela sobe fantasiada, pares de olhos fixos em seus movimentos
Bocas que só fecham no gole
Mãos que só abrem para uma próxima lata
Mal a conheço, e já é minha favorita,
Atrás o povo se fantasia, e vão atrás da bonita.

Domingo, a espera começa cedo
Quero mais, quero muito mais
E ela dobra a esquina, com o dobro do tamanho
Dá para tocar seus dedos do segundo andar
E passar por entre suas pernas no chão
Como uma criança ansiosa, fui atrás em polvorosa
Volte amanhã, minha formosa.

Falta pouco, mas ela vai reaparecer
Cochichos, dedos apontados, o som chega antes
Ela vem em seguida, liderando os fiéis
Senta-se, eles também
Presos no segundo que precede o arrastão
O povo congela, em seguida corre ela
Seguindo pela ruela, do Carnaval, a mais bela

Mas ainda falta o último dia
E junto a sua passagem final
Seja bem-vinda bonita, formosa e bela
Cante seu hino, que eu bato palmas
Porque é hoje que você se torna linda,
Salve o teu Carnaval, Olinda.